No inicio da década de 30, em um Brasil que acabara de chegar às mãos do então presidente Getúlio Vargas, uma comissão decidia as primeiras leis em relação ao cinema. O discurso de Vargas aponta o cinema como grande ferramenta para melhorar o ensino no país, palavras que são apoiadas com fervor por intelectuais como Roquete Pinto, fundador da primeira rádio brasileira. O alinhamento nas ideias e a posição de prestígio deram ao antropólogo uma vaga na comissão encarregada de legislar a sétima arte em território nacional. É criada então a “Taxa cinematográfica para a educação popular”, decreto que tirava dos filmes de longa-metragem estrangeiros recursos para a produção de curtas nacionais de cunho educacional. Junto com a medida foi estabelecido uma metragem mínima de filmes nacionais a serem exibidos no circuito comercial, além da compra de projetores para escolas. A medida atendia assim tanto a necessidade de produção como a distribuição. Em 1936 o governo cria o INCE (Instituto Nacional do Cinema Educativo) chefiado por Roquete Pinto, e responsável pela manutenção do novo sistema. Em seis anos depois da criação, o INCE já relatava a produção de “duzentos curtas escolares em 16mm”.
Entre os vários diretores contratados pelo instituto, um recebe a alcunha de “a câmera didática de Vargas”: o diretor mineiro Humberto Mauro. São mais de trezentos os filmes do INCE creditados a Humberto. A câmera de Mauro retratou diversos assuntos, sempre com personalidade e enaltecendo a cultura nacional. Anos mais tarde o cineasta foi elogiado como “o mais brasileiro dos cineastas” por Glauber Rocha, que afirmava que Humberto Mauro era “o pai do cinema novo”.
Numa parceria que me surpreendeu Humberto co-dirigiu um filme com Roquete Pinto – Não imaginei que o pai da radiodifusão se aventurasse nesse meio. O curta é uma adaptação do conto “Um apólogo” do escritor Machado de Assis.
PS: Infelizmente a qualidade do vídeo não é das melhores, mas vai melhorando depois dos primeiros minutos.
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