Com o claro intuito de escancarar os contrastes de sua cidade, o diretor senegalês Dijibril Diop Mambéty retrata Dakar do ponto de vista de uma turista francesa e de um guia local. Porém, os dois personagens não aparecem, eles têm sua presença marcada numa narração na maioria das vezes de forma sarcástica. O filme exibe no começo os belos prédios deixados pelos colonizadores franceses e sua cultura que se mantém impregnada na parte rica da cidade. Em um segundo momento a câmera cruza a ponte e passa para o lado pobre, o Senegal real, com seu comércio informal, suas ruas de terra, casas precárias. É notável que o centro, além de belo e rico, é vazio, a maior parte da população está na parte pobre.
Realizado no espírito “faça você mesmo” dos anos 60, Contra’s City foi filmado com base em doações: uma câmera emprestada, uma equipe de amigos que não receberam nada pelo filme e finalizado com equipamento do Centro Cultural Francês. A obra alcançou muito respeito pelos artistas da geração, pelo seu cunho crítico, pela improvisação e pelo sarcasmo.
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