Dirigido por Wes Anderson, Hotel Chevalier é um curta metragem de 2007 estreladopor Natalie Portman e Jason Schwartzman. Foi exibido no 64ºFestival de Veneza e teve uma repercussão considerável na internet, chegando a ser baixado 500.000 vezes no Itunes, onde foi disponibilizado. A história é um prólogo do longa Viagem a Darjeeling e retrata a história de dois ex-amantes que se encontram num hotel em Paris. O curta foi filmado em um hotel parisiense por uma pequena equipe e auto financiado pelo próprio Wes Anderson. Vale citar a peculiaridade das produções do diretor. Conhecido por fazer misturar perfeitamente a comédia e o drama e possuir um estilo característico de direção, Wes Anderson introduz em seus filmes algumas particularidades, e Hotel Chevalier não foge de seu estilo. Cores fortes como o amarelo, os planos abertos e simétricos, o elenco fixo (estrelado geralmente pelos atores Jason Schwartzman, Owen Wilson,Luke Wilson e o Bill Murray) e a introdução de uma trilha sonora pop e de boa qualidade são algumas características que aparecem no cinema de Wes Anderson.
Charles Chaplin é, até hoje, conhecido como um dos maiores artistas da história do cinema. O ator ingressou no cinema em 1914 e pouco tempo depois já havia construído um personagem que levaria por toda sua carreira – o Vagabundo. O que poucos sabem é que Chaplin teve um mentor, Max Linder, um cômico francês que já nos primeiros anos do século XX sustentava características que viriam a garantir o sucesso da comédia muda.
Max iniciou sua carreira de ator com pequenos papéis em produções do estúdio Pathé e teve seu primeiro papel de destaque numa produção do George Mélies. Até que começou a protagonizar uma série de mais de cem comédias de curta-metragem que contavam sempre com um personagem fixo, Max. O personagem, seu alter-ego, mantinha em todos os filmes a mesma caracterização, roupas finas e uma cartola, e mantinha também um padrão de comportamento. Sendo o primeiro personagem a estar presente em uma série de filmes, Linder, abriu espaço para os grandes nomes da comédia que o sucederam usando um personagem fixo, como Chaplin, Buster Keaton e Harold Lloyd.
Criado e dirigido pelo francês Louis Clichy, Pra que Serve o Amor? é uma animação apaixonante que ilustra os altos e baixos de um relacionamento.O curta é embalado pela música da cantora Edith Piaf, que deu origem ao título original, A quoi ça sert l’amour? O diretor Louis Clichy é animador dos estúdios Pixar e já trabalhou em diferentes agências, como Passion Pictures, CUBE e Passion Paris. As obras e storyboards de Clichy estão armazenados no blog dele (aqui), vale a pena conferir!
Já falei algumas vezes aqui no blog sobre cineastas do leste europeu e de seus estilos marcantes. Na maioria das vezes estilos bem diferentes dos clássicos americanos e que sempre ousam um pouco na experimentação. Raramente filmes experimentais tem aceitação comercial, talvez nunca, e também é raro que tenham seus méritos reconhecidos pela academia e que recebam dela um Oscar, mas foi o que aconteceu nesse caso.
Em 1983 o diretor polonês, Zbigniew Rybczyński, ganhou a cobiçada estatueta na categoria de melhor curta animado com o filme Tango. Se o fato já é levemente curioso por si só, a história da entrega do prêmio rende uma história muito mais impressionante. A cerimonia foi uma tragédia para o diretor polonês. A primeira falha foi a pronuncia do nome do diretor quando o anunciaram como vencedor (Ele realmente tem um dos nomes mais complicados que eu conheço). Depois do erro, o pobre cineasta teve seu discurso interrompido pela orquestra do Oscar. Para aliviar a tensão e/ou fugir do ambiente constrangedor ele resolveu fumar um cigarro, ao terminar teve sua entrada barrada por um segurança. O diretor vestia um terno barato e um par de tênis e baseado nisso o segurança insistiu em deixa-lo de fora. O diretor mostrou a estatueta que acabara de receber e tentou argumentar, em polonês. A pronuncia estranha foi interpretada como embriaguez e o diretor terminou passando uma noite preso.
Sobre o filme cabe dizer que ele é minunciosamente coordenado e que, mais uma vez, permite múltiplas interpretações. Ele é basicamente a ilustração do caos de um pequeno local que abriga muitas pessoas. Talvez uma cidade, uma grande metrópole. Já até interpretações de que é uma analogia à internet e seus vários interesses caminhando por um mesmo lugar.
Sonho de Um Homem Ridículo é um curta metragem de 1992 baseado no conto homônimo de Fiódor Dostoiévski.Produzido pelo pintor e diretor Aleksandr Petrov , o curta possuiu o toque plástico do diretor russo e ganhou prêmios no Festival Internacional de Animação de Ottawa. O curta narra a história de um homem que se vê em um estado ridículo e não encontra mais sentido em viver.Em um dia qualquer, em que mais uma vez o personagem esperava ter encontrado o momento de ideal para se matar,ele é abordado por uma menina que pede por ajuda. Amargurado com sua existência, o homem não só recusa o apoio à criança, como a espanta aos berros. Ao voltar para casa, não consegue dar um fim em sua vida e adormece,caindo em um sonho que revelará as verdades mundanas projetadas através de uma sociedade ideal,livre da luxúria e do egoísmo humano.
Na beira de um penhasco, um canário anota em seu caderno a quantidade de suicidas que transitaram por ali.Isso em um primeiro momento soa bizarro, surreal e totalmente sem sentido. Porém Yellow Belly End é um curta metragem rodeado por metáforas,tornando-se intrigante a cada momento.
Exibido em vários festivais e premiado por alguns,Yellow Belly End é o filme de graduação do diretor Philip Bacon, que através de suas animações expressa sua opinião sobre o impacto da morte na vida dos seres humanos.
Com uma premissa simples e uma abordagem interessante, Recife Frio propõe uma análise da sociedade pernambucana. O filme de Kleber Mendonça Filho utiliza entrevistas e imagens falsas de arquivo, tecendo com cuidado a veracidade de falso um documentário. O tal documentário se apresenta como uma reportagem de uma emissora estrangeira sobre a estranha mudança climática que trocou as altas temperaturas da região pela Recife fria do título. As mudanças começaram com a queda de um meteoro em uma praia da cidade, logo depois pingüins começaram a chegar e então o impacto logo atingiu as pessoas, a cultura e a economia local, ampliando e expondo problemas já existentes.
Uma menina desce até o porão em busca de batatas.Porém,quando cruza a escada indo para o lado mais escuro, o porão se transforma em um pesadelo concreto,real. Seres inanimados criam vida,pessoas dormem em camas de pedra e se alimentam da terra que está no chão.Dirigido por Jan Svankmajer, Down to the cellar mistura o terror psicológico,o medo infantil e o surrealismo das animações em stop motion do diretor checo.
O filme conta a história de Harvie Krumpet,um desses “outros” da citação que abre o filme. Krumpet foi um homem a margem do sucesso. O protagonista vive uma vida estranha e azarada desde o seu nascimento. Mas apesar de tudo se mantém sempre otimista.
A história de Harvie é esse tipo de narrativa que de tão incomum alcança a simpatia de todos, afinal, o cinema passou quase todo o tempo contando as histórias dos grandes homens.
O curta foi o ultimo degrau na ascensão do diretor Adam Elliot que conquistou vários prêmios com sua trilogia Uncle, Cousin & Brother. Harvie Krumpet levou o Oscar de curta animado na edição de 2003. O caminho premiado de Adam Elliot lhe deu a oportunidade filmar seu primeiro longa em 2009, Mary & Max, mais um claymotion com gente esquisita e cinza.
Divina Previdência, do diretor Sérgio Bianchi, é uma crítica a burocracia nos serviços de saúde.Um mendigo ferido, que perambula pelas ruas, vai até a Previdência Social para pedir ajuda, porém passa por um terrível processo burocrático que o leva a loucura. Sérgio Bianchi é conhecido por fazer críticas vigorosas à sociedade brasileira mostrando fragmentos dos absurdos cotidianos , as mazelas sociais e a hipocrisia da classe média. Seus alvos preferido são a elite e o Estado, que segundo o diretor,são precursores da amoralidade e da degeneração social.
Zero é um curta-metragem de animação stop-motion, dirigido por Christopher Kezelos e produzido por Christine Kezelos. O curta,de aproximadamente 12 minutos,é uma história que retrata a vida de um número zero, oprimido e excluído por um sistema de classes numéricas.
A produção do curta é extremamente bem feita e a técnica que da vida aos bonecos de linha é impecável.Mergulhamos num mundo novo,porém, as bases da sociedade são organizadas da mesma forma,dando margem a desigualdade e exclusão.
Zerotem sido exibido emimportantesfestivais internacionais de cinemae ganhouo prêmio de "Melhor Animação" do LAShortsFest em 2010,além de outros prêmios na categoria.
Um filme que foi encomendado como um vídeo educacional sobre AIDS - doença que assombrou o mundo quando surgiu na década de 80 - seria algo básico e sem muita expressão, um produto informativo a menos que caia na mão de algum artista.
Something Happened é o exemplo desse trato artístico. Dirigido pelo Sueco Roy Andersson, o curta tem pouco mais de 20 minutos e explica a AIDS. Os tópicos são abordados um a um: os grupos de risco, os meios de transmissão, a prevenção, mas na hora de informar sobre a origem do vírus o diretor apresenta uma versão diferente da oficial. Andersson mostra de forma irônica a versão da origem africana do vírus e sugere que ele seja fruto de experimentos em humanos, feitos pelo governo americano. Sendo verdadeira ou não a teoria do diretor Sueco, a forma como tudo é dito é sensacional.
Esse filme foi um dos precursores do estilo de Roy Anderson. Seu trabalho tem como características marcantes a câmera fixa, os planos com dois ou mais níveis de profundidade, as cores mortas e o misto de melancolia e excentricidade de seus personagens. O diretor iniciou a carreira na publicidade e fez cerca de 400 comerciais, descritos como os melhores do mundo por Ingmar Bergman, seu professor na sétima arte.
What’s a Nice Girl Like You Doing in a Place Like This? é um dos primeiros curta metragens feitos pelo renomado diretor Martin Scorsese. Produzido dez anos antes de Caminhos Perigosos, o primeiro longa de sucesso de Scorsese, o curta foi feito no período que o diretor estudava na Tisch School of the Arts da Universidade de Nova Iorque. Descrito por Scorsese como "um conto de paranóia pura", o curta de 1963 se destaca pelos diálogos cômicos e inteligentes, além da edição,fotografia , estilo visual e outros elementos que demonstram traços da genialidade prematura do diretor. A história é sobre o escritor Harry,um homem obcecado por uma foto que está em sua parede.O personagem luta contra essa obsessão, se casa, consulta um analista e consegue amenizar o sentimento desenfreado. Porém, uma nova obsessão aparece e faz com que ele se perca dentro de sua loucura.
O que esperar de um cineasta que quase se formou em engenharia mecânica e que saiu do curso para trabalhar com animação? Inovação visual seria uma boa resposta. Esse foi o estranho caminho percorrido por Denis Cisma, jovem diretor brasileiro com trabalho altamente autoral.
Cisma ainda não está presente no mercado de longa-metragem, por enquanto impressiona com curtas e trabalhos para publicidade, onde também surpreende pela ousadia estética. Seu filme mistura o real e o irreal, a animação e o live-action, o digital e o analógico, e o resultado é uma espécie de poesia visual.
Apesar de não ser muito popular o cinema russo de animação é um dos mais férteis e inovadores do mundo. Entre nomes como Ladislas Starevich, Ivan Ivanov-Vano e Aleksandr Petrov, está Yuri Norshteyn, cineasta apelidado como “A lesma dourada” pelo seu perfeccionismo.
Premiado internacionalmente por seus trabalhos, o animador é um dos maiores nomes associados à técnica de animação de recortes. Seu estilo se destaca dos demais pela impressão de 3-D alcançada em seu trabalho. Utilizando placas de vidro que se movem entre a câmera e os personagens e cenários recortados, o diretor consegue o efeito de aproximação ou distanciamento do personagem em relação à câmera. O perfeccionismo do diretor russo rendeu um estilo único e muito próprio, uma assinatura visual tão reconhecível quanto a de seu compatriota Aleksandr Petrov.
Uma tema muito abordado no cinema contemporâneo brasileiro é a questão das diferenças sociais.Enquanto muitos vivem uma vida confortável no ambiente familiar,cercados por amor e segurança, outros se encontram nas ruas,de baixo de uma moradia precária, sem recursos e até mesmo sem esperanças. A Lente e a Janela é um curta metragem do diretor Marcius Barbieri que trata do antagonismo social de forma delicada, porém inquietante. Verônica é uma menina que ganha uma câmera de Natal de seus pais.Munida de um sentimento de descoberta e aprendizagem, a menina filma elementos cotidianos e se encanta pelas imagens do vídeo. Certo dia,Verônica olha pela janela de seu quarto e começa a filmar uma família de moradores de rua e através da lente se transporta para uma realidade muito longe da dela,fazendo com que veja o mundo com outros olhos.
Com o claro intuito de escancarar os contrastes de sua cidade, o diretor senegalês Dijibril Diop Mambéty retrata Dakar do ponto de vista de uma turista francesa e de um guia local. Porém, os dois personagens não aparecem, eles têm sua presença marcada numa narração na maioria das vezes de forma sarcástica. O filme exibe no começo os belos prédios deixados pelos colonizadores franceses e sua cultura que se mantém impregnada na parte rica da cidade. Em um segundo momento a câmera cruza a ponte e passa para o lado pobre, o Senegal real, com seu comércio informal, suas ruas de terra, casas precárias. É notável que o centro, além de belo e rico, é vazio, a maior parte da população está na parte pobre.
Realizado no espírito “faça você mesmo” dos anos 60, Contra’s City foi filmado com base em doações: uma câmera emprestada, uma equipe de amigos que não receberam nada pelo filme e finalizado com equipamento do Centro Cultural Francês. A obra alcançou muito respeito pelos artistas da geração, pelo seu cunho crítico, pela improvisação e pelo sarcasmo.
Infelizmente a incorporação do vídeo foi desativada e só é possível assistir no Youtube.
Father and Daughter é um curta de 2000, dirigido pelo diretor holandês Michael Dudok de Wit. O filme ganhou o Oscar de melhor Curta de Animação de 2000 e mais 20 prêmios de circuitos cinematográficos. Cheia de metáforas,a história do curta é sobre saudade,um elemento que afeta bastante a vida do ser humano.Um pai diz a adeus a sua filha, que ainda é uma criança.O tempo passa e vemos o envelhecimento da menina de acordo com as estações do ano.A falta que seu pai se lhe faz é algo visível em sua vida,até o momento que ela precisará partir também.
No inicio da década de 30, em um Brasil que acabara de chegar às mãos do então presidente Getúlio Vargas, uma comissão decidia as primeiras leis em relação ao cinema. O discurso de Vargas aponta o cinema como grande ferramenta para melhorar o ensino no país, palavras que são apoiadas com fervor por intelectuais como Roquete Pinto, fundador da primeira rádio brasileira. O alinhamento nas ideias e a posição de prestígio deram ao antropólogo uma vaga na comissão encarregada de legislar a sétima arte em território nacional. É criada então a “Taxa cinematográfica para a educação popular”, decreto que tirava dos filmes de longa-metragem estrangeiros recursos para a produção de curtas nacionais de cunho educacional. Junto com a medida foi estabelecido uma metragem mínima de filmes nacionais a serem exibidos no circuito comercial, além da compra de projetores para escolas. A medida atendia assim tanto a necessidade de produção como a distribuição. Em 1936 o governo cria o INCE (Instituto Nacional do Cinema Educativo) chefiado por Roquete Pinto, e responsável pela manutenção do novo sistema. Em seis anos depois da criação, o INCE já relatava a produção de “duzentos curtas escolares em 16mm”.
Entre os vários diretores contratados pelo instituto, um recebe a alcunha de “a câmera didática de Vargas”: o diretor mineiro Humberto Mauro. São mais de trezentos os filmes do INCE creditados a Humberto. A câmera de Mauro retratou diversos assuntos, sempre com personalidade e enaltecendo a cultura nacional. Anos mais tarde o cineasta foi elogiado como “o mais brasileiro dos cineastas” por Glauber Rocha, que afirmava que Humberto Mauro era “o pai do cinema novo”.
Numa parceria que me surpreendeu Humberto co-dirigiu um filme com Roquete Pinto – Não imaginei que o pai da radiodifusão se aventurasse nesse meio. O curta é uma adaptação do conto “Um apólogo” do escritor Machado de Assis.
PS: Infelizmente a qualidade do vídeo não é das melhores, mas vai melhorando depois dos primeiros minutos.
Em uma manhã qualquer, dois irmãos que vivem uma cabana com sua mãe partiram para as montanhas para caçar. De repente,do alto de uma árvore surge o braço de um demônio, que agarra o irmão mais novo.O irmão mais velho começa atirar flechas no demônio e consegue libertar o irmão,deixando o braço do espírito maligno estirado no chão.Porém,algo lhe parece muito familiar... Baseando-se nessa lenda medieval japonesa, o diretor Kihachiro Kawamoto produz O Demônio, um curta metragem de 1972. O filme é um stop motion de bonecos influenciado pelas artes do teatro japonês Bunraku.
Kihachiro Kawamoto ,inspirado pelo diretor checo Jiri Trnka,começou a se interessar em animação stop-motion fantoche durante os anos 50.Suas referências do teatro Noh,Kabuki e Bunraku acabam caracterizando seu trabalho, que é formato praticamente por adaptações de lendas orientais.No Japão, ele é conhecido por desenhar os bonecos utilizados na série de TV Três Reinos (Sangokushi, 1982-84),baseada em clássico literário chinês, e mais tarde para A História de Heike (Heike Monogatari, 1993 -94).
Religiões abraâmicas,islâmicas,judaicas e cristãs,com base em livros da bíblia como Levitíco, que faz parte do Pentateuco(conjunto dos cinco primeiros livros da bíblia escritos por Moisés onde constam as leis da igreja), relacionam a lepra diretamente ao pecado. Essa relação permaneceu praticamente imutável através dos séculos e gerou uma forte exclusão dos leprosos, e até um preconceito de que eles sejam rejeitados por Deus, o que aumentava a repulsa que a doença já causa pela aparência.
“havia aqueles que julgavam improcedente (e até mesmo leviano) tentar curar os acometidos pela lepra, considerando-a como punição divina pelo pecado e, portanto, fora do alcance de tratamentos médicos. Aos olhos desses, todos os doentes eram considerados corrompidos pela “lepra do pecado” e, a menos que houvesse um ato soberano de Deus, não havia possibilidade de cura. Muitos escritores e pregadores cristãos, a partir de Orígenes, julgavam a lepra “um tipo do pecado”, um modelo ou símbolo do pecado, e essa idéia transpareceu em muitos sermões. Até pouco tempo atrás, o fato de alguns tipos de lepra evoluírem implacavelmente e nenhum tratamento parecer eficaz na cura das úlceras nas mãos e nos pés certamente deu credibilidade à crença disseminada, cristalizada em ditos e provérbios em todo o mundo, de que a doença ainda era incurável” – Stanley Browne no livro Lepra na bíblia, estigma e realidade.
O isolamento e o abandono sofrido pelos leprosos são retratados no documentário The House Is Black, da poetisa iraniana Forough Farrokhzad. Lançado na década de 60 o documentário revela o interior de uma vila de leprosos. No decorrer das imagens uma voz narra em off alguns versos da diretora. As cenas demonstram o cotidiano, os sentimentos e, principalmente, a fé dessas pessoas condenadas por Deus ou pela má interpretação de suas palavras.
The Black Dog é um curta metragem de 1987, dirigido por Alison De Vere. O curta conta a história de uma garota que é acordada por um cão que subitamente aparece em seu quarto e a guia por uma viagem espiritual. Durante a viagem, a menina aprende sobre como o ser humano é individualista e descobre o verdadeiro valor da arte,da cultura, e da simplicidade.
Possuidora de um traço extremamente característico, a diretora e designer Alison De Vere não só se revelou uma grande cartunista como também a primeira mulher cineasta da Grã Bretanha. Um de seus trabalhos mais famosos é o filme Yellow Submarine, dos Beatles,onde trabalhou com diretora de designer trazendo para a animação as ilustrações psicodélicas de Heinz Edelmann.
Assim como o curta-metragem, o videoclipe tem, quase sempre, poucos minutos de duração. Outra semelhança é a liberdade experimental e como isso é usado como laboratório para diretores de longa-metragem. Entre as mais famosas incursões de cineastas no meio dos videoclipes estão Martin Scorsese, Michel Gondry, Sofia Coppola e Spike Jonze.
É verdade que o videoclipe tem sua própria linguagem – Cortes secos e edição ritmada, entre outras coisas – mas isso não é uma regra e muitos clipes fogem dessa fórmula. Alguns têm narrativa linear, outros têm foco em símbolos e ícones, a única constante é sempre a música. O que me faz pensar que alguns videoclipes são basicamente curtas musicais ou algo do tipo.
Essa questão me veio à cabeça quando me lembrei de dois curtas – são chamados assim pelos criadores – baseados em músicas. Não vou começar a postar clipes a partir de hoje, apesar de admirar muito o formato. Um dos curtas que me passaram pela cabeça é o Fight For Your Rights – Reviseted.
O filme dirigido por Adam Yauch, um dos integrantes do grupo, foi lançado simultaneamente ao disco Hot Sauce Comitee Pt 2, no ano passado. O filme mostra uma disputa entre Os Beastie Boys do passado - que saem da festa do clipe Fight For Your Right (Licensed to Ill, 1986) – e os Beastie Boys do futuro. Entre os nomes do elenco estão Jack Black, Elijah Wood, Seth Rogen, Will Ferrel, Susan Sarandon.
A tristeza em meu espírito, é como puro aço que forja meu coração.
Nada é mais precioso que a liberdade e a independência."
O curta 79 primaveras, do diretor cubano Santiago Álvarez, conta a história do líder vietnamita Ho Chin Minh. Em formato de curta-documentário, 79 primaveras capta o horror da guerra e a luta do povo vietnamita de forma poética. Para Santiago Álvarez,a realidade no cinema não se capta, mas sim se constrói.Assumidamente marxista-leninista, o diretor produziu vários documentários sobre a história de Cuba e dos Estados Unidos,sempre de forma crítica e artística.Juntamente com outros companheiros, Álvarez construiu o alicerce da política cultural da Revolução de 1959.
A liberdade e o descontrole da arte surrealista, seus símbolos e suas, algumas vezes, indecifráveis mensagens, causam efeitos impressionantes no cinema. O exemplo mais famoso é o filme Um Cão Andaluz, dirigido por Luís Buñuel e escrito por Salvador Dalí, dois importantes membros do movimento surrealista. A obra causou e causa até hoje muito espanto com suas imagens desconexas e absurdas, mas que mesmo com toda estranheza conquistaram um lugar de destaque na história do cinema.
Discípulo do cinema surreal de Buñuel, o tcheco, Jan Svankmajer é um cineasta que trouxe a liberdade e o descontrole do filme de Dalí e somou com suas ideias políticas e técnicas de animação. O cineasta tcheco passeia entre diferentes técnicas, passando por animação stop-motion com objetos, com massa (Claymotion), com marionetes, animações com montagens e filmes com atores reais.
Em As Dimensões do Dialogo, Svankmajer divide o filme em três partes. Na primeira, Discussão Exaustiva, cabeças feitas de diversos materiais se devoram seguidamente e aos poucos se transformam. Discurso Apaixonado é a segunda parte do curta e exibe uma criativa representação do sexo, entre outras coisas. O filme encerra com Conversa Factual, essa tal “conversa” é representada com duas cabeças que se comunicam através de objetos que saem de sua boca. Surto da melhor qualidade.
Martin Scorsese, considerado por alguns como o maior diretor americano vivo, realiza em seu primeiro filme no formato 3-D uma homenagem ao pai dos efeitos especiais, George Mélies.No filme, Scorsese homenageia além de George Mélies outros grandes filmes e diretores do começo do século e apresenta ao grande público o seu amor pela história do cinema.
Durante sua carreira, Scorsese só havia falado tanto sobre cinema em O Aviador, narrando a produção do filme Hell Angels.Assim como A Invenção de Hugo Cabret, a homenagem é direcionada a filmes antigos e praticamente esquecidos pelo público. Nessas obras o diretor declara abertamente sua cinefilia.
Poucos sabem, mas Martin Scorsese mantém a restauração de filmes antigos como atividade secundaria.A Invenção de Hugo Cabret se encaixa perfeitamente nesse hobby tamanha é a quantidade de referências aos primeiros filmes da história.Selecionamos alguns desses filmes que foram citados ou apareceram na Invenção de Hugo Cabret:
A Chegada do Trem na estação (Irmãos Lumière;1896)
Le Mélomane (George Méliès;1903)
O Grande Roubo do Trem (Edwin S.Porter/1903)
O Beijo (William Heise;1896) - a primeira cena de beijo da história do cinema
The Eclipse: Courtship of the Sun and Moon (Georges Méliès; 1907)
A Saída dos Operários da Fábrica Lumière(Irmãos Lumière;1895)
O Reino das Fadas (George Méliès;1903)
Safety Last! (Fred C. Newmeyer & Sam Taylor; 1923)
Viagem à Lua (George Méliès,1902) Post antigo - clique aqui
To speak or not to speak é um curta metragem de 1970, dirigido pelo diretor belga Raoul Servais.A história começa com um repórter querendo saber do povo o que eles acham da situação política, porém o que se percebe é que as pessoas não conseguem responder a essa pergunta.Em resposta a Guerra do Vietnam, Servais expressa em seu curta uma mensagem anti-militarista. To speak or not to speak serve de trampolim para uma análise crítica sobre a inercia social,a censura e o totalitarismo.Repetições como '' love this,love that,buy this,buy that '' foram uma forma expressiva de enfatizar a alienação imposta aos personagens, que vivem em um mundo onde as pessoas são facilmente manipuladas por discursos alheios.