terça-feira, 24 de abril de 2012
Film
Partindo do princípio filosófico “ser é ser percebido”,do pensador irlandês George Berkley, o também irlandês e Nobel de literatura,Samuel Beckett realizou sua primeira e única incursão na sétima arte. Famoso por sua obra literária e dramatúrgica, o autor chegou a produzir alguns trabalhos para televisão, mas no cinema só uma obra leva seu nome, o curta-metragem Film de 1965. O principio da percepção como base para a existência é auto-explicativo, basicamente quem é percebido existe. Beckett, baseado nesse pensamento, ilustra em seu filme uma espécie de suicídio, acompanhando o protagonista que foge da percepção alheia e da própria. Apesar da época, o filme é preto e branco e mudo e, curiosamente, resgata o astro da comédia muda, Buster Keaton, para atuar como protagonista. A parte curiosa é que o ator nãorealiza nada dos movimentos cômicos que o imortalizaram nos anos 20 e seu rosto pouco é mostrado. “Por que o Keaton, afinal?” é uma das minhas eternas dúvidas.Outro célebre integrante da equipe é o fotógrafo Boris Kaufman, irmão mais novo do cineasta russo Dziga Vertov. Film foi inicialmente rejeitado pela crítica que o classificou como obscuro e sem propósito, mas rapidamente foi reavaliado e recebeu prêmios nos festivais de Veneza, Tours e Oberhausen.
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