quinta-feira, 26 de abril de 2012

Especial - Pixar


Atualmente, os estúdios Pixar são os líderes do mercado de animação. Vencedora de vários Oscars, a produtora é especializada em alta tecnologia e computação gráfica, sendo a pioneira no campo da animação tridimensional.

A companhia iniciou suas atividades sob o nome de Graphics Group como uma subdivisão da Lucas Films - estúdio cinematográfico de George Lucas. Nessa fase o estúdio tinha como objetivo exclusivo o desenvolvimento de softwares de computação gráfica e efeitos visuais. Em 1986, a Graphics Group foi comprada por Steve Jobs e foi rebatizada "Pixar", uma combinação da palavra "pixels" e da palavra "art”.

A “pré-história” da Pixar é marcada por pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos visuais, softwares e hardwares, mas basicamente nada de cinema na prática. A iluminação criativa começou quando, ainda em 86, um dos empregados da companhia resolveu criar animações como demonstração do poder visual de seus programas e computadores. O funcionário era John Lasseter e uma das “demonstrações” foi premiada e mais tarde se tornou o símbolo do estúdio.


Luxo Jr., 1986 - John Lasseter

A partir desse momento começa uma ruptura entre a Pixar “ciência” e a Pixar arte. O departamento de animação, chefiado por Lasseter, começou a produzir comerciais animados para outras empresas, gerando assim lucro e experiência criativa. Em 1990 o setor de hardware é vendido, poucos meses depois o estúdio assinou um contrato com a Disney para a produção de três animações de longa-metragem, o primeiro deles foi Toy Story.



O ano de 1995 marca então a estreia do primeiro longa-metragem de animação tridimensional. O filme é assinado por John Lasseter, mas tem em sua autoria a mão de dois outros importantes nomes do estúdio: Andrew Stanton (Procurando Nemo, Wall-E) e Pete Docter (“Monstros S.A” e “UP”). A revolução estética veio acompanhada de uma narrativa que foi além do público infantil e alcançou pessoas de todas as idades.

O segundo filme, Vida de Inseto, de 1997, iniciou a tradição de sempre exibir, antes do longa-metragem, um curta do estúdio. Esse hábito é uma das características que marcam o trabalho da Pixar até hoje. Não é comum ver um curta-metragem numa sala de cinema atualmente, a não ser em raros festivais destinados ao formato. A única produtora que exibe curtas no cinema (circuito comercial) é a Pixar, e por isso ela é importante para o Mr. Curtura.

Depois dos três primeiros longas do contrato assinado com a Disney, em 1991, a Pixar seguiu na parceria. A relação apesar de muito produtiva sempre foi permeada por desentendimentos. Em 2006, depois de algum desgaste entre as empresas, a Disney comprou a Pixar e Steve Jobs deixou o comando para se tornar um dos principais acionistas do grupo.

Famosos pela perfeição, a Pixar sustenta em sua filmografia um padrão de qualidade invejável. Não é estranho ouvir dizer que eles não têm um filme ruim em seu histórico. Se por um lado eu sonho com um mercado de animação mais diversificado, por outro sou grato que o público compre ingressos para filmes tão belos. Aqueles raros momentos em que o popular e o artístico se encontram, o eclipse apelidado de “sucesso de público e crítica”.

Para demonstrar nosso imenso respeito pelo trabalho da Pixar e, principalmente, pelo espaço que eles dão ao curta-metragem no cinema, vamos listar aqui nossos curtas favoritos do estúdio:


Geri's Game


Geri's Game foi o primeiro passo na tradição da exibição de curtas pelo estúdio. Dirigido por Jan Pinkava, O curta é o primeiro da Pixar que contém um humano como personagem principal.A história é sobre um velhinho (Geri) que joga xadrez consigo mesmo. Mudando de um lado para outro do tabuleiro, Geri muda sua personalidade, interpretando o seu adversário conforme o jogo avança. Essa mudança de papel é percebida conforme Geri tira e coloca os óculos e muda sua feição, ora mais agressivo ora mais calmo e assustado.

O curta ganhou em 1998 o Oscar de Melhor Curta Animado.Em homenagem a Geri, a Pixar retomou o personagem em Toy Story 2,em 1999. Geri aparece como um velhinho que concerta brinquedos e as peças do jogo de xadrez podem ser vistas em seu estojo de ferramenta.


For The Birds


For The Birds, curta exibido antes de Monstros S/A (2002), conta a história de um pássaro que quer ser aceito em um grupo, mas não consegue por ser diferente dos outros pássaros. Os outros, menores e semelhantes, imitam e zombam do pássaro excluído até que ele se enfia entre eles. O filme foi premiado no Anima Mundi, no Annie Awards e no Oscar.


One Man Band


Exibido em 2005 com o longa Carros, o curta-metragem One Man Band conta a acirrada disputa entre dois músicos de rua pela atenção, e a moeda, de um pobre garoto que estava prestes a jogar seu dinheiro numa fonte na esperança de que ela realizasse seus desejos.

Lifted


Lifted, exibido junto com Ratatouille em 2007, ilustra uma situação que lembra muito um teste de auto-escola, mas uma versão alienígena disso. A prova, ao invés de uma avaliação de direção automobilística é um teste de abdução. O jovem E.T tenta de diversas maneiras extrair um homem de dentro de casa, mas descobre que, também nesse caso, a teoria é mais fácil que a prática.

Presto


Presto, o curta exibido com Wall-E em 2008, mostra o mais clássico número de mágica, tirar o coelho da cartola, dando errado. Não por falta de experiência do mágico, Presto, mas por falta de vontade do coelho, que protesta para receber sua cenoura. Infelizmente para o mágico o coelho coloca seu protesto em prática durante uma apresentação e, lá com as cortinas abertas, o mágico insiste em tentar realizar o número e sofre duras consequências.

Day And Night


Day and Night, curta mais recente da Pixar lançado junto com Toy Story 3, conta como o dia conheceu a noite, mostra as brigas pelas diferenças, as disputas para ver qual é melhor e depois o fascínio pelos pontos fortes do outro e, enfim, a harmonia no por/nascer do sol.


Está feito, o post que há tanto tempo estávamos devendo. E agora, pra encerrar esse post infinito, um trecho do próximo curta da Pixar, La Luna, que será exibido junto com Brave ainda esse ano.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Undun


Pra fechar, pelo menos por enquanto, a coleção de videoclipes cinematográficos, que já conta com Time to Dance (The Shoes) e Fight For Your Right Revisited (Beastie Boys), vou postar hoje Undun. O filme, dirigido por Clifton Bell, conta a história de um garoto, seu caminho no crime e as conseqüências vividas por ele. Com o mesmo título do disco, Undun ilustra o álbum com precisão. A obra não faz do protagonista um vilão e também não o retrata como um herói, basicamente mostra um contexto social e a reação escolhida por esse garoto para "vencer" nesse cenário.

terça-feira, 24 de abril de 2012

HQ


Os quadrinhos influenciaram diretamente a cultura pop e suas vertentes. No cinema, as HQ's serviram de influência para o Cinema Marginal e principalmente para o principal diretor do movimento, Rogério Sganzerla, que incorpora elementos como colagem de imagens, narração em off e a manipulação de montagem em seus primeiros curtas.
HQ, é um curta documentário do próprio Sganzerla,em homenagem ao mundo das histórias em quadrinhos.Dirigido pelo próprio e pelo jornalista Álvaro de Moya, que é considerado por alguns o maior especialista em quadrinhos do Brasil,o curta fala sobre história das HQ's e seu processo de evolução (pelos menos até os anos 70).
HQ's como Yellow Kid, Gato Felix e Flash Gordon são citados no curta, que começa com a história das ilustrações das cavernas e vai até The Spirit, famoso HQ de Will Eisner.




Film

Partindo do princípio filosófico “ser é ser percebido”,do pensador irlandês George Berkley, o também irlandês e Nobel de literatura,Samuel Beckett realizou sua primeira e única incursão na sétima arte. Famoso por sua obra literária e dramatúrgica, o autor chegou a produzir alguns trabalhos para televisão, mas no cinema só uma obra leva seu nome, o curta-metragem Film de 1965. O principio da percepção como base para a existência é auto-explicativo, basicamente quem é percebido existe. Beckett, baseado nesse pensamento, ilustra em seu filme uma espécie de suicídio, acompanhando o protagonista que foge da percepção alheia e da própria. Apesar da época, o filme é preto e branco e mudo e, curiosamente, resgata o astro da comédia muda, Buster Keaton, para atuar como protagonista. A parte curiosa é que o ator nãorealiza nada dos movimentos cômicos que o imortalizaram nos anos 20 e seu rosto pouco é mostrado. “Por que o Keaton, afinal?” é uma das minhas eternas dúvidas.Outro célebre integrante da equipe é o fotógrafo Boris Kaufman, irmão mais novo do cineasta russo Dziga Vertov. Film foi inicialmente rejeitado pela crítica que o classificou como obscuro e sem propósito, mas rapidamente foi reavaliado e recebeu prêmios nos festivais de Veneza, Tours e Oberhausen.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Making The Shinning



A produção de um filme sempre gera curiosidade para quem assiste. Por isso, o Making Of, uma espécie de documentário sobre osbastidores do filme, é bastante comum em grandes produções da indústria cinematográfica.

Com apenas 17 anos, Vivian Kubrick (filha de Stanley Kubrick) filmou os bastidores do filme O Iluminado e produziu o curta documentário Making The Shinning, que foi exibido na BBC. Além de mostrar os sets de filmagem, o documentário acompanha de perto o aquecimento de Jack Nicholson e Shelley Duvall tendo um colapso de stress e cansaço por conta da extrema exigência que Stanley Kubrick fazia das atuações.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Duas Soluções Para um Problema


Um dos caminhos para a guerra é, sem dúvida, a vingança. Aqueles intermináveis ciclos de ataques que crescem a cada momento resultando em destruição e prejuízos. O que o diretor iraniano Abbas Kiarostami apresenta aqui é, além do caminho da destruição, o outro, a solução, a amizade.

O diretor iniciou sua carreira trabalhando com crianças e adolescentes em uma espécie de Centro Cultural em Teerã. Em seus primeiros anos de carreira, Kiarostami abordou os principais problemas iranianos e do Oriente Médio utilizando o mundo infantil como forma de ilustrar. Sempre realista e objetivo, o iraniano conta em cinco minutos um dos principais problemas do mundo.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

How Wings Are Attached To The Back of Angels

Dirigido por Craig Welch, How Wings Are Attached To The Back of Angels mistura animação com fotografia de forma surreal. O curta conta a história de um homem que tenta encontrar

como é a anatomia das asas de um anjo. O belo e o estranho se misturam nessa descoberta e o homem, obcecado por controle,acaba se perdendo no meio dos seus experimentos.
Quanto a estética,Craig Welch se destaca como animador por conta do seu traço minimalista e por criar um mundo meticulosamente surreal.Apesar de Welch ter se destacado primeiramente como pintor e desenhista, ele considera a animação como o meio perfeito para auto expressão.
How Wings Are Attached To The Back of Angels é produzido pela National Film Board of Canada e ganhou prêmios como o Prêmio Especial no Festival Internacional de Animação de Hiroshima.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

The Critic


Para alguns é quase inevitável assistir um filme sem fazer comentários durante a sessão,principalmente quando há coisas desconexas, mensagens muito abstratas ou quando chega a ser revoltante mesmo.Em The Critic,um homem comenta de forma irônica um filme ''X'' de formas geométricas, tentando entender o que se passa no filme.
Dirigido por Ernest Pintoff e narrado pelo cineasta Mel Brooks, o curta é uma sátira à arte moderna.Além disso, The Critic ganhou o Oscar de melhor curta animado de 1963 e apresenta uma crítica direta aos curtas artísticos do diretor Norman McLaren, que na maioria das vezes são animações de desenhos geométricos.
A ideia do curta surgiu quando Mel Brooks estava no cinema assistindo um filme avant-garde de Norman McLaren e ouviu um senhor rabugento na fileira de trás, resmungando para si mesmo sobre o filme.A partir disso, Brooks reconheceu as possibilidades de se criar uma comédia e contatou Ernest Pintoff para fazer o curta.

A Velha e os Pombos


Um dos grandes benefícios da falta de mercado para os filmes de curta-metragem é a liberdade criativa e isso é observado com facilidade no campo das animações. Ao longo da história a animação esteve/ está praticamente presa a um público fixo, o infantil, e isso já limita os temas abordados. Outra característica do cinema comercial de animação é o domínio constante da produção por um ou poucos estúdios, como Walt Disney e, mais recentemente, Pixar e DreamWorks. São poucos os autores que conseguem invadir o circuito comercial, mas existem diretores que vem conseguindo espaço no mercado, como o francês Sylvain Chomet.

Chomet apesar de não abordar temáticas muito pesadas em seus longas, tem características próprias e marcantes. Seus filmes, sempre com poucos diálogos – Semi-mudos - levam na medida certa o humor e o drama. Uma de suas grandes influências é o ator cômico Jaques Tati, que fazia comédia muda ao estilo Chaplin. Essa influência se transformou em homenagem no longa O Ilusionista onde o protagonista era uma versão animada do comediante. O diretor alcançou reconhecimento quando, em 2003, concorreu ao Oscar de melhor animação com “As Bicicletas de Belleville”, longa produzido depois de “A Velha e os Pombos”.





terça-feira, 17 de abril de 2012

Harvey


Uma das maiores buscas do ser humano em sua existência é alguém que o complete emocionalmente, que seja a sua "metade".Um exemplo dessa busca é o Mito do Andrógeno, descrito por Platão, que relata a existência de um ser meio homem e meio mulher, que era superior entre os mortais. Porém, os andrógenos acharam que eram tão superiores que poderiam subir ao Olimpo,provocando a ira de Zeus. Como castigo pela pretensão, Zeus separou o andrógeno em duas metades, causando um enorme sofrimento e dando origem ao "mito das almas gêmeas".
O curta Harvey, dirigido por Peter McDonald, concretiza essa crença de uma outra ''metade''. O filme,produzido em 2001, possui uma atmosfera meio macabra e de ficção científica e conta a história de um homem, Harvey, que é obcecado pela busca de alguém que (literalmente) o complete. A partir disso, Harvey começa a desejar a vizinha da frente, observando-a cotidianamente pelo buraco da porta e enxergando nela a possibilidade de se sentir completo mais um vez.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Blinky

Uma das temáticas mais recorrentes da ficção científica, e uma das minhas favoritas, é a questão da tecnologia e sua relação com o ser humano. Sendo mais específico: Robôs. O assunto é explorado desde os anos 30 pelo autor Isaac Asimov, creditado como o inventor do termo, e geralmente é usado para debater questões éticas, sentimentais e políticas do homem e de sua sociedade.

Blinky™, curta-metragem dirigido pelo irlandês Ruairi Robinson, fala sobre problemas familiares nesse contexto de ficção cientifica. O filme tem como protagonista um garoto que sofre com as discussões de seus pais. Como meio de amenizar a solidão do garoto, e talvez resolver o vácuo deixado pelo distanciamento entre o garoto e seus pais, esses lhe presenteiam com um robô doméstico. O robô é vendido como o companheiro ideal para crianças, além de executar trabalhos de limpeza e qualquer outra exigência que lhe for imposta por seus donos. O plano dos pais funciona e o garoto se diverte com o novo “brinquedo”, mas com o tempo percebe que as discussões ainda acontecem na casa e se perde procurando uma solução.

Satanás se diverte

Satanás se diverte é um filme do pioneiro diretor Segundo de Chomón.Conhecido como um dos clássicos dos primeiros anos do cinema, o filme traz a icônica imagem do diabo brincando com garrafas.
A história é sobre Satanás e seu tédio. Aparentemente,no inferno, Satanás ,descrito como um esqueleto com chifres,tenta eliminar seu tédio usando seus servos e se divertindo como uma série de truques de ilusionismo.
Produzido em 1907, o filme utiliza efeitos especiais rudimentares dos primeiros anos,como desaparecimento de objeto e levitação de pessoas.



quinta-feira, 12 de abril de 2012

Logorama


Logorama, curta de 2009, parte de uma idéia criativa e inovadora de protesto: usar as marcas contra elas mesmas. A animação ambienta uma história de ação e catástrofe, geralmente vista no cinema americano, em uma Los Angeles composta por logotipos e mascotes das mais diversas corporações. Prédios, árvores, animais, carros e etc. Tudo é baseado em marcas e produtos. A ação tem início quando dois policiais, mascotes da Michelin, avistam um assaltante foragido, Ronald McDonald. Dali pra frente é perseguição, tiros e mais adiante um final de grandes proporções, tanto na narrativa como simbolicamente. Durante as cenas de ação é possível perceber significações simbólicas para os logos, além de ícones culturais de protesto como o artista de rua Obey Giant e as bandas The Clash, Sex Pistols e Pink Floyd. Premiado em Cannes e no Oscar, Logorama parte de uma idéia genial e a executa com extrema competência.

Uma História Severina


" O ato de obrigar a mulher a manter a gestação [de feto anencéfalo], colocando-a em espécie de cárcere privado em seu próprio corpo, desprovida do mínimo essencial de autodeterminação, assemelha-se, sim, à tortura e a um sacrifício que não pode ser pedido a qualquer pessoa ou dela exigido '' (Marco Aurélio Mello)

Na última quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou o direito de gestantes interromperem a gravidez nos casos de fetos anencéfalos (ausência de cérebro) sem a necessidade de autorização judicial.O julgamento da ação chegou ao tribunal em 2004, quando a liminar que permitia o aborto de anencéfalos foi concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello e derrubada pelo STF três meses depois.A sessão foi suspensa com com 5 votos favoráveis ao aborto nesses casos e 1 contra, e será retomada hoje a tarde.
O curta documentário Uma História Severina , dirigido pela jornalista Eliane Brum e pela antropóloga Debora Diniz, retrata a busca de Severina por solução judicial para que ela pudesse fazer um aborto.Grávida de um bebê anencéfalo, Severina estava prestes a interromper legalmente a sua gravidez quando,no mesmo dia, os ministros do Supremo Tribunal Federal derrubaram a liminar concedida em 2004.
Severina foi condenada a continuar gerando um filho para a morte até o sétimo mês, quando finalmente conseguiu a autorização.Naquele momento, Severina não faria mais um aborto e sim um parto. Seu filho nasceu morto,como a maioria dos casos de gestação de anencéfalos.O berço foi trocado pelo caixão, e a certidão de nascimento pela certidão de óbito.
O documentário ilustra claramente o processo desgastante de angústia e de dor de uma mãe que gera um bebê anencéfalo. Prolongar o sofrimento de um ser humano não passa de uma crueldade. Se o feto não é compatível com a vida, quem o carrega no ventre é que deve optar ou não por prosseguir a gestação, pois gerar um filho por 9 meses sabendo que ele nascerá morto agride fisicamente e psicologicamente a mulher.


quarta-feira, 11 de abril de 2012

The Backwater Gospel


Backwater é uma pequena cidade no oeste americano. Isolada e pobre, a única coisa que mantém seus habitantes unidos é a igreja. Todos levam como lei o que é dito pelo padre, todos exceto um homem que ainda não se submeteu à igreja. A vida segue normalmente, até que o coveiro chega a cidade, e junto com ele o medo inspirado por uma lenda que diz que sua chegada precede a morte de alguém da região. O personagem macabro chega, senta e espera. O tempo passa e ninguém morre. As pessoas não saem de suas casas, até que o padre encontra uma explicação para a demora: um teste de Deus. “Ele quer vocês destruam a maçã podre”, ou seja, o infiel é a fonte dos problemas.
Criado como conclusão de curso na escola dinamarquesa, Animation Workshop, o curta debate a questão da manipulação religiosa violenta e agressiva. O filme se destaca também por seu aspecto visual com um traço que dá a aparência de madeira para a pele dos personagens.

A Maioria Absoluta


Na história do Brasil nem um movimento cinematográfico alcançou tanto reconhecimento, nacional e internacional, como o Cinema Novo. A principal luta do movimento era o resgate (ou a busca) por uma identidade brasileira no cinema, tanto valorizando a cultura nacional com filmes de cunho documental que retratavam artistas brasileiros como O Poeta do Castelo, de Joaquim Pedro de Andrade quanto denunciando a pobreza, a desigualdade e o abandono que sofria a maior parte da população – como no filme Maranhão 66, de Glauber Rocha. Apesar de não ser o mais famoso de seu grupo, o cineasta Leon Hirszman realizou com maestria a missão do Cinema Novo.

Hirszman iniciou sua carreira de diretor com um dos curtas que fazem parte do filme Cinco Vezes Favela. Apesar de ser seu primeiro trabalho, o filme já demonstra um estilo próprio, construído com influência das técnicas de montagem de Sergei Eiseinstein, além de já estar imerso em todo o aspecto político-social de sua futura filmografia.

No ano seguinte o cineasta já filmava seu próximo filme, o documentário A Maioria Absoluta. O curta foi pensado inicialmente como um projeto de duas partes, A Maioria Absoluta e A Minoria Absoluta, uma forma de exibir a gritante desigualdade social do país, mas o segundo filme teve sua realização interrompida com o estouro do golpe militar em abril de 1964. Felizmente o primeiro trabalho já estava finalizado. O filme retrata a parcela sem voz na democracia, os camponeses analfabetos que suportam suas precárias condições de vida e os abusos de seus patrões sem ter quem os defenda, sem ter quem os represente.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Panic Attack!


O que aconteceria se robôs gigantes invadissem a cidade de Montevidéu? O curta Panic Attack, do diretor Fede Alvarez ilustra exatamente essa situação. Acompanhados por um esquadrão de espaçonaves, os robôs aterrorizam a cidade e começam a destruir os edifícios principais, provocando uma espécie de pânico coletivo. Os militares tentam contra-atacar mas não obtém sucesso.
O fato mais curioso sobre o curta é o orçamento de sua produção,equivalente a 300 dólares.Após o filmes ter sido divulgado no Youtube, sua popularidade ganhou níveis extremos, fazendo com o diretor fosse contatado por estúdios de Hollywood e Panic Attack fosse citado como um exemplo da crescente influência da Internet na busca de novos talentos da 7ª arte.


Time to Dance


Um psicopata, hipsters envolvidos numa dança, uma roupa de esgrima, um fundo musical constante, sangue e preparação. Esses são os elementos escolhidos por Daniel Wolfe para a abertura do curta-metragem, Time To Dance. O vídeo é uma espécie de clipe estendido feito para a banda The Shoes, com quem o diretor já havia trabalhado antes, que foca basicamente em três ações: o treino, os assassinatos e a dança. É como colocar em um vídeo uma das melhores partes de Rocky (treinamento/ preparação), uma das melhores partes de Psicopata Americano (as mortes) e mesclar com um elemento clássico de videoclipes (a dança). Protagonizado por Jake Gyllenhaal o filme de oito minutos passeia entre o videoclipe e o cinema – como o curta Fight For Your Right Reviseted - me deixando mais uma vez fascinado com essa mistura.



segunda-feira, 9 de abril de 2012

O Músico e a Morte


O Músico e a Morte é um curta inspirado em contos populares de como enganar a morte. Neste caso, a história apresentada é a de um músico, que ao ver a morte se aproximando tenta fugir de várias formas, uma delas é com a música.
O diretor Lubomír Benes é tcheco, e trabalhou nos estúdios de animação AFI. Conhecido por produzir e criar a dupla animada Pat & Mat,Lubomír Benes viveu em em uma época que a União Soviética estava de pé e suas animações foram questionadas por conta de seuspersonagens ''subversivos''.


Steamboat Willie


Um dos grandes problemas que se tem estudando história é a imprecisão de datas. O cinema sofre disso como qualquer outra área. Brigas sobre quem inventou o que e quando foi lançado tal filme permeiam as discussões sobre a 7° arte. Entre essas datas confusas e informações perdidas está o filme “Steamboat Willie”. Em algumas fontes essa animação é creditada como a primeira aparição de Mickey Mouse, o personagem símbolo do estúdio, mas outros relatos afirmam Plane Crazy como a primeira aparição do camundongo. Outras apontam o filme como a primeira animação com som sincronizado, mérito que é atribuído a Max Fleischer e seu Song Car-Tune por outras fontes.

O curta, motivado pela concorrência dos filmes sonoros, tem foco na música e conta a história de Mickey que trabalha como ajudante em um barco, mas sonha em ser capitão. Verdadeiras ou não, as histórias só dão mais luz ao filme e a batalha que marca a fase de sonorização do cinema. Processo popularizado com o filme O Cantor de Jazz de 1927.


quarta-feira, 4 de abril de 2012

Last Year in Viet Nam




Last Year in Viet Nam é o primeiro curta metragem do diretor americano Oliver Stone. Conhecido por dirigir filmes como Platoon e Nascido em 4 de julho, o diretor já traz em seu primeiro trabalho a temática da guerra.
O curta retrata a história da volta pra casa de um soldado americano que estava no Vietnã. O soldado, ao invés de encontrar um lar ou alguém que esperava por sua volta, se vê extremamente sozinho em um apartamento, chegando a se comparar com Travis Bickle, personagem do filme Taxi Driver de Martin Scorsese.
Curiosamente, Oliver Stone é um veterano da guerra do Vietnã e procura retratar uma mensagem anti-militarista em seus filmes, mostrando horrores vividos em combate. O diretor serviu a Divisão de Infantaria do exército e ganhou honrarias como a Purple Heart e Bronze Star.


terça-feira, 3 de abril de 2012

Neomorphus


A evolução do ser humano é permeada por muitas mutações,etapas de transformação.Em seu ciclo de vida, o ser se transforma em muitas coisas,se locomove constantemente no espaço,passa por inúmeras fases,agrega novos elementos ao seu cotidiano,muda o seu papel e a sua função no ambiente. Biologicamente, essa mutação que faz com que o produto gênico possua uma nova função é denominada mutação Neo-mórfica.
O curta Neomorphus, da produtora brasileira Animatorio,retrata a mutação do incomum e de que forma ele interfere no ambiente que o cerca.A estética do filme é uma animação stop motion totalmente macabra e bizarra,possuindo um estilo à la Tim Burton.



segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dossiê Rê Bordosa


Com uma abertura baseada na repercussão jornalistica do fato, a animação Dossiê Rê Bordosa anuncia o assassinato da polêmica personagem de Angeli no maior estilo Cidadão Kane. As maiores perguntas – Quem? Como? Onde? - já foram respondidas, resta descobrir o “Por Que”? O filme usa de um estilo de documentário e/ ou reportagem policial/ investigativa para falar sobre o autor e sua personagem. Ao longo do documentário, vários outros personagens do universo Angeli são entrevistados, além de alguns personagens reais que convivem com o autor.

Dossiê Rê Bordosa apresenta de forma bem humorada e eficiente o autor que é um dos maiores nomes dos quadrinhos nacionais. Com seu trabalho sempre ácido, crítico e inconformado, Angeli teve entre seus maiores alvos: a moral cristã e a política conservadora.

Para quem quiser conhecer um pouco mais do trabalho do cartunista vale a pena conferir a exposição “Ocupação Angeli”. A instalação oferece uma infinidade de trabalhos do autor, desde suas primeiras publicações e sketch books, passando por entrevistas em vídeo e painéis de ilustrações e tirinhas, até uma galeria da revista Chiclete com Banana. Mais informações no link - Ocupação Angeli.

Sounds From a Town I Love

Woody Allen é a figura mais caricata de Nova Iorque.O diretor se envolveu tanto com a cidade que seu relacionamento com a Big Apple chega a ser uma história de amor.Uma das maiores homenagens de Woody a Nova Iorque é sem dúvida o filme Manhattan,que logo na primeira cena já traz uma descrição romântica da cidade em meio a imagens em preto e branco.
No curta Sounds From a Town I Love,o diretor retrata seu olhar cômico sobre o cotidiano caótico do novaiorquino,estabelecendo praticamente um desfile de personagens.O filme é colaboração ao The Concert of New York,um evento beneficente organizado por Paul McCartney um mês depois dos ataques terroristas de 11 de setembro.Ao apresentar o curta de Woody no evento,John Cusack leu um bilhete do diretor que dizia: "Peço desculpas antecipadamente pelo meu curta metragem. A causa era tão interessante que eu não pude dizer 'não' para contribuir com esse show maravilhoso. Eu fiz o melhor que pude. Se você odiou isso, vou tentar fazer as pazes com você de alguma forma no futuro. Atenciosamente, Woody Allen.''