Quando criado, o cinema (e o fazer cinema) era nada mais que capturar e projetar imagens de forma rápida e sequencial, alcançando assim a ilusão de movimento. Fotogramas em movimento, ilusão que nos entretém até hoje com sua velocidade padrão de 24 frames por segundo. Antes de surgir como forma de expressão artística, indústria ou até antes de ter pretensões narrativas, o cinematógrafo era um dispositivo que impressionava com sua mágica de exibir fotografias em movimento.
Mais
de sessenta anos depois da invenção dos irmãos Lúmiere, um filme questiona a linguagem
cinematográfica estabelecida e desenvolve uma narrativa complexa e sensível sem
o uso do truque mais básico do cinema: a imagem em movimento.
Dirigido
por Chris Marker em 1962, o filme ousa abrindo mão do movimento, mas, por outro
lado, compensa com uma narração densa e mantém a exibição sequencial das imagens. No campo
temático, o curta-metragem encara com coragem um dos temas mais complexos da
ficção científica, a viagem no tempo. Linguagem e temática se aliam e tomam
como base a ideia da fotografia como abrigo da memória, conceito que conduz a trama do início ao fim.
Ambientado em um mundo devastado pela terceira guerra
mundial, o curta tem como protagonista um prisioneiro que é usado como cobaia por cientistas. Os experimentos tem como objetivo enviar alguém para o passado em busca de recursos que viabilizem a
continuidade da vida do presente. A Plataforma de Chris Marker é a principal
influência do filme Os Doze Macacos de Terry Gilliam, um dos maiores filmes de
ficção científica das últimas décadas.
Abaixo o filme dividido em três partes:
Abaixo o filme dividido em três partes: