segunda-feira, 21 de maio de 2012


Jó, curta-metragem de 1993, dirigido por Beto Brant, coloca em cena dois elementos que sempre me interessaram muito: linguagem e história. Respectivamente efeito Kuleshov e a história de Jó – como sugere o título. O efeito Kuleshov foi um experimento conduzido pelo teórico Lev Kuleshov na primeira década do século XX. O experimento consiste na intercalação de um plano fechado que mostra um homem com uma expressão fixa e outros três planos curtos: um prato de comida, um bebê e uma mulher.


Da combinação de cada plano com o plano que mostra o homem nasce um significado diferente, como, fome, comoção ou desejo. Esse experimento é uma das bases das teorias cinematográficas soviéticas de Sergei Eisenstein e Pudovkin, que afirmavam a montagem como base da significação fílmica. O curta de Beto Brant apesar de não ser idêntico, me lembra muito o experimento soviético.

O outro ponto interessante é a história de Jó, de origem bíblica, e o desfecho criado pelo diretor. A história de Jó, que muitos afirmam ter inspirado Goethe a escrever “Fausto”, fala sobre um episódio em que o Diabo pede permissão a Deus para tentar corromper um homem, através das perdas, o demônio argumenta que a fidelidade de Jó à Deus está totalmente relacionada aos benefícios que o homem recebe na relação. Depois de arruinado Jó permanece fiel a seu criador. Nesse “jogo” o fiel perde tudo o que tinha: a vida de seus filhos, sua casa e suas riquezas.

O curta é bastante criativo e experimental, características que marcam essa fase do diretor, antes dos longas e da parceria com o escritor Marçal Aquino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário